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quinta-feira, 28 de março de 2013

Siena

Aproveitando a estadia em Florença, um dos dias foi dedicado a conhecer os seus arredores, particularmente a vila de San Gimignano  e a cidade de Siena. Após cumprir a primeira visita segui rumo a Siena, uma cidade situada numa colina na região da Toscana e pertencente à província com o seu mesmo nome. Foi realmente um dia muito bem passado pois depois de me ter apaixonado por San Gimignano fiquei completamente rendida a Siena também!

 
Segundo a mitologia romana, Siena foi fundada por Senius e Aschius, filhos de Remo (irmão de Rómulo, fundador de Roma). Outrora um povoamento etrusco, Siena foi também uma colónia de Roma sob o domínio de Augusto. Reconhecido pólo cultural, artístico e político tornou-se numa cidade autónoma de cariz republicano, o que lhe valeu inúmeras lutas, nomeadamente com a eterna rival cidade de Florença. Uma curiosidade: o argumento da Divina Comédia de Dante assenta nas divergências entre os Guibelinos de Siena e os Guelfos de Florença!
A devastação causada pela Peste Negra impediu Siena de recuperar por completo e fez-lhe perder a rivalidade com Florença. Daqui perde também a sua independência e passa a fazer parte do domínio político e administrativo da Toscana. Contudo, é ainda hoje em dia considerada a cidade medieval mais bonita de toda a Itália. Apesar de tudo, não é de admirar que o centro histórico de Siena, cercado ainda hoje por muralhas, tenha sido declarado Património da Humanidade pela UNESCO. Tendo deixado o carro estacionado nos arredores, foi este centro histórico que fui conhecer (onde a circulação automóvel é limitada).

No posto de turismo de Siena adquiri um passe combinado - Opa Si Pass - que me permitiu ter acesso ao Batistério, à Cripta, ao Duomo, ao Museu dell'Opera del Duomo (onde se encontram, maioritariamente, obras de arte originais do Duomo), subir à fachada na Nave inacabada da Catedral - facciatone - e ainda visitar o Oratório de San Bernardino (junto à Basílica di San Francesco, fora deste complexo). Este passe tem a validade de 3 dias e podem adquiri-lo no site: http://www.operaduomo.siena.it.
Na foto seguinte podemos ver o Batistério onde se encontra a pia baptismal com relevos renancentistas de Donatello.


Subindo as escadas, pelo lado esquerdo do Batistério, entramos na Piazza del Duomo, e deparamo-nos com a lindíssima catedral de Siena, de estilo predominante o gótico. Esta catedral é um dos monumentos mais importantes de Itália e cuja ampliação foi projectada para fazer dela o maior templo cristão do mundo, contudo a devastação causada pela Peste Negra travou a execução completa deste projecto.



A riqueza artística do seu interior é de cortar a respiração! Desde o chão ao tecto, não esquecendo as suas paredes, desde Donatello a Miguel Ângelo, entre muitos outros artistas de renome, a Catedral está repleta de obras de arte. Os seus pilares de mármore branco e preto (as cores dos cavalos dos irmãos fundadores da cidade) sustentam a abóbada da nave, decorada em azul e com estrelas amarelas, que representam o céu noturno. Aqui dentro podemos fotografar à vontade o que é óptimo!






A Fachada faz parte do projeto de ampliação da Catedral e permite-nos ter uma noção do tamanho planeado para aquela que viria a ser a sua nave central. A subida faz-se em grupos restritos, através de uma escadaria estreita e em caracol com cerca de 130 degraus, mas vale mesmo a pena ter esta experiência! Cada grupo só sobe após o grupo anterior ter descido, pelo que podem ter que aguardar um pouco pela vossa vez. O seu cimo é um terraço aberto panorâmico que nos permite obter vistas incríveis sobre Siena. A foto abaixo mostra-nos a vista sobre o Duomo.

 
 

Da Fachada obtemos também uma vista incrível sobre a Piazza del Campo. Esta é uma das maiores praças medievais de toda a Europa e onde decorre duas vezes por ano, o Pálio di Siena, a famosa corrida de cavalos. Centro da vida social de Siena, foi na antiguidade um fórum romano - local de execuções, combates e feiras - e foi também o palco do mercado principal da cidade. Actualmente, encontra-se rodeada de cafés, restaurantes, bares e monumentos medievais, dos quais se destacam o Palazzo Pubblico de estilo gótico - a atual câmara municipal que inclui o Museu Civico - com o seu Campanile ou Torre del Mangi - a segunda maior torre medieval de Itália com 102 metros de altura, possíveis de subir após percorrer cerca de 505 degraus! A entrada é paga. Confesso que após ter subido a fachada, do topo da qual obtive vistas de toda a cidade e, particulamente, do centro histório, não tive coragem de subir mais estes degraus todos! Uma curiosidade: eram os sinos que se encontram no seu topo que anunciavam o início e o fim do dia de trabalho em Siena.



Outro atrativo é a Fonte Gaia, onde se destacam cópias dos relevos de Adão e Eva, entre outros. Esta fonte é abastecida por um aqueduto construído há mais de 500 anos!
 

Resumindo, conhecer Siena foi como viajar no tempo, não tenho outras palavras! Não deixem mesmo de conhecer esta cidade!

O próximo post será sobre Florença... finalmente :) 

domingo, 24 de março de 2013

Filipinas

Há locais no mundo difíceis de alcançar, mas que valem a pena o esforço. As Filipinas têm vários destes locais, imperdíveis do meu ponto de vista, mas que exigem de nós tempo e paciência para lá chegar! Foi em Novembro/Dezembro do ano passado, que tive o privilégio de conhecer este país, constituído por 7107 ilhas, divididas em três grupos: Luzon, a norte, Visayas, no centro e Mindanao, no sul. A capital do país, Manila, é a segunda maior cidade depois da cidade de Quezon.
Ao contrário dos restantes países asiáticos, a população das Filipinas é maioritariamente cristã.
Há duas línguas oficiais neste país, Inglês e Filipino, na qual se encontram algumas palavras idênticas às nossas, provavelmente devido à ocupação espanhola durante mais de 300 anos. A maioria das pessoas falam inglês e mesmo que não seja fluentemente, é o suficiente para nos entenderem e conseguirmos comunicar.

A moeda corrente é o Peso Filipino, sendo que 1€ corresponde a 53 pesos, à data de hoje. É um país relativamente barato, quer no alojamento, quer na alimentação pelo que se consegue fazer umas férias económicas.
O clima é quente, húmido e tropical. A temperatura média anual ronda os 26,5 °C. De acordo com os filipinos existem três estações: a estação quente que vai de Março a Maio, a estação chuvosa entre Junho e Outubro e a estação fria, de Novembro a Fevereiro. Aconselham, como melhor época do ano para conhecer as Filipinas, os meses de Janeiro e Fevereiro por serem os meses com menor precipitação e temperaturas não muito quentes.

Considero as Filipinas um país seguro, com excepção de algumas cidades populosas como Manila em que os assaltos a turistas são frequentes. Não são comuns os assaltos violentos, apenas os "pickpockets", pelo que é preciso ter cuidados com as carteiras, telemóveis e máquinas fotográficas, quando se deslocarem em cidades grandes.

O povo em geral é extremamente acolhedor e hospitaleiro, estando sempre disponíveis para ajudar os turistas. Não senti em qualquer momento, que nos estivessem a tentar enganar ou ludibriar. Aparentam ser bastante genuínos e simpáticos, fazendo-nos sentir confortáveis no seu país.

 











Passei cerca de 12 dias nas Filipinas, durante os quais tinha programado visitar as ilhas de Palawan e Bohol, conhecer as famosas praias de Boracay e terminar em Manila. Infelizmente, quando nos deslocávamos para Bohol, após uns dias em Palawan, tivemos de mudar todos os planos de viagem porque o sul do país foi apanhado pelo Tufão Pablo. Houve tempestades tremendas com ventos fortíssimos que devastaram algumas regiões das Filipinas. As ligações de barco para a ilha de Bohol estavam cortadas e haviam vários voos cancelados. Conseguimos, à última da hora, comprar um voo para Manila e fugir ao Tufão. Não posso deixar de elogiar e admirar as companhias aéreas "low cost" com que voámos, porque foram de um serviço exemplar. Conseguimos cancelar, trocar e comprar voos novos, tudo em cima da hora e sem grandes encargos. Inclusivamente devolveram-nos uma boa parte do valor de um voo que cancelámos e nem sequer tínhamos seguro. Parece-me incrível a atitude destas companhias nos dias que correm.
Sendo assim, e do plano inicial, visitei apenas a zona norte da ilha de Palawan - El Nido e Sabang, de onde temos acesso ao famoso "Puerto Princesa Underground River", uma das 7 maravilhas naturais do mundo. 


 
Apesar de termos passado por Manila, não dedicámos tempo a conhecer a cidade. Optámos por fugir ao mau tempo provocado pelo Tufão e fomos para o norte das Filipinas, conhecer os famosos campos de arroz e a imensidão de montanhas que constituem a região de Ifugao.
 
Não percam o próximo post sobre as Filipinas - El Nido. Um cenário único!



San Gimignano

Aproveitando a minha estadia em Florença decidi passear pelos seus arredores. Num dos dias rumei a Siena mas passei primeiro em San Gimignano, uma pequena vila medieval rodeada ainda pelas suas muralhas e que parece ter parado no tempo, desde a Idade Média. O acesso à vila pode ser feito através de um dos seus cinco portões de entrada. Está situada na Região da Toscana, província de Siena e o seu centro histórico foi declarado Património Mundial pela UNESCO.
Outrora um povoado Etrusco, foi alvo de grande desenvolvimento quando se encontrava na rota dos peregrinos que rumavam até Roma, mas um desvio neste percurso e a Peste Negra levaram ao seu declínio económico e consequente abandono.
 
 
É famosa pelas suas torres - "San Gimignano delle bella torri" - mandadas construir por famílias nobres rivais ,nos séculos XII e XIII, como sinónimo do seu poder e riqueza. Cada família mandava construir uma torre com uma altura superior à última torre edificada, como forma de demonstrar  a sua superioridade. Este tipo de rivalidade levou a que o Conselho da vila decretasse em 1255 que nenhuma torre deveria ser maior em altura que a Torre Grossa, junto ao Palazzo Comunale. Chegaram a ser construídas 72 torres mas hoje em dia restam apenas 13.
A antiga Piazza delle Erbe, actualmente Piazza Ugo Nomi, tem uma forma triangular e é onde podemos encontrar duas torres "gémeas", mandadas construir pela família Ghibelline Salvucci.  Apesar do intuito da sua construção (terem ambas juntas uma altura superior à Torre Grossa, indo contra o decretado pelo Conselho), na realidade não têm sequer a mesma altura.
 
 
Na Piazza del Duomo podemos visitar a Basílica Collegiata di Santa Maria Assunta, dentro da qual vemos vários frescos sobre episódios do Antigo Testamento e temas como a Criação ou o Juízo Final. Ao lado do Duomo encontramos o Palazzo Comunale ou Palazzo del Popolo que integra o Museu Civico, com entrada paga e que permite a subida à torre mais alta da vila - a torre Grossa com cerca 54 metros de altura e 200 degraus. Esta é a única torre aberta ao público. Do outro lado do Duomo vemos o Palazzo Vecchio del Podestà com a sua Torre Rognosa (com cerca de 51 metros de altura, pensa-se que poderá ser esta a torre mais antiga da vila), que serviu de prisão até ao final do século XIV. Já foi entretanto convertido em hotel e em escola.
 
 
A Piazza della Cisterna, centro da vila antiga, deve o seu nome ao poço que se encontra no seu centro. Aqui encontramos várias esplanadas pelo que é um bom local para descontrair um pouco e ficar a observar o movimento da vila.
 
 

 
Agora algumas dicas que me lembrei:
- esta pitoresca vila é também famosa pelo seu vinho e pelo gelado (inclusivamente a Gelataria "Dondoli" ganhou por duas vezes o Concurso de Melhor Gelado do Mundo), pelo que não deixem de os saborear;
- a circulação automóvel no interior da vila é condicionada e sujeita a pagamento. Contudo, nos arredores da vila existe um parque gratuito, embora com estacionamento de duração limitada. Para quem não queira levar carro existem várias agências que fazem excursões de um dia e que combinam, inclusivamente, pacotes de visita a Siena e San Gimignano;
- a vila é um local turístico por excelência, sendo bastante movimentada, por isso vale a pena visitá-la bem pela manhãzinha (como eu fiz) ou passar lá uma noite, de forma a conseguir conhecer melhor este cantinho em horário de menor afluência.
 
Obrigada pela vossa companhia! Seguimos agora para Siena :)

sábado, 16 de março de 2013

Pisa

Desde o ínicio da organização desta viagem a grande dúvida era ir ou não ir a Pisa. A maior parte das opiniões que ouvi era que não valia a pena e que a cidade não tinha nada mais para ver para além da conhecida torre inclinada. Contudo algo em mim insistia para fazer esse desvio, quando estivesse a caminho de Florença. E teimosa como sou foi assim mesmo que fiz e em nada fiquei decepcionada. Sim, é verdade que a cidade nada mais tem para ver mas só e apenas a visualização daquela torre valeu pela visita e pelo desvio! Na realidade sempre tive imensa curiosidade em conhecer este monumento por isso não pudia deixar de o fazer, caso contrário aí sim ficaria desiludida comigo mesma!
 
Pisa é uma comuna italiana pertencente à província com o mesmo nome e situada na região da Toscana. Junto à costa litoral ocidental de Itália, o estuário de Pisa era o maior porto marítimo romano, tendo dominado as rotas comerciais com Espanha e com o Norte de África. Segundo a lenda, foi neste porto que desembarcou S. Pedro e foi daqui que partiu para Roma para pregar o Evangelho. Foi esta riqueza que lhe permitiu crescer culturalmente e avançar com a construção do Duomo, do Batistério e do Campanário - a Torre de Pisa.  
 
É no Campo dei Miracoli que encontramos a Catedral ou Duomo da cidade, o Batistério, o campanário ou Torre de Pisa e o camposanto - o cemitério da cidade. Todo este complexo foi declarado Património Mundial da UNESCO.
 
 
As entradas no Duomo, no Batistério e no Camposanto são livres. Entrei nos dois primeiros e percebi que a sua beleza exterior é continuada no seu interior, pelo que vale a pena conhecer estes dois monumentos, que são dos mais importantes da região da Toscana.
 
 
 
A Torre de Pisa, uma construção em mármore branco, levou cerca de 177 anos a ser construída, período este dividido em três fases, tendo sido o início no ano de 1173. A identidade do arquitecto responsável por esta obra é ainda hoje controversa. Desde o início que a Torre foi erguida a direito contudo, a partir da construção do seu terceiro andar, a estrutura foi ficando inclinada em direcção a sudeste, devido a uma fundação mal construída, assim como também devido a um subsolo arenoso, menos compactado e, por isso mesmo, mais instável (pensa-se que o seu subsolo seria, em outros tempos, um porto fluvial). Após uma primeira paragem de quase cem anos, a sua construção foi retomada e como forma de compensação da inclinação, decidiu-se erguer os andares com um lado mais alto e outro mais baixo o que levou a Torre, gradualmente, a inclinar-se em direcção contrária.
A Torre de Pisa tem uma altura perto dos 56 metros, com um desnível de cerca de 1 metro, dividida por oito pisos e um peso calculado em 14 500 toneladas! É possível subir ao cimo da Torre através de 294 ou 296 escadas, dependendo do lado pelo qual se sobe. A subida é paga e limitada em duração e a um número de visitantes organizados em grupos. Existe um horário definido ao longo do dia, para cada subida, pelo que aconselho reserva prévia, pois rapidamente os bilhetes esgotam. Podem adquiri-los através do site http://boxoffice.opapisa.it. Atenção que o acesso é interdito a menores de 8 anos. 
No topo da Torre estão 7 sinos com um peso combinado de quase 10 500 kg o que aumenta imenso a pressão desta construção!
 
Apesar da preocupação do Governo Italiano em empreender esforços para realizar trabalhos de restauro da edificação da Torre, de forma a impedir a sua queda, decidiu-se manter sempre alguma inclinação, já que é esta característica peculiar que vale a promoção do turismo nesta zona. O último trabalho de restauração da edificação decorreu entre o final do século passado e o início deste século, o levou ao fecho da Torre ao público. Permitiu diminuir a sua inclinação de 5,5º para 3,99º, o que equivale a cerca de 38 cm, o que não deixa de ser incrível! Desta forma, no final deste processo a sua visita foi considerada novamente segura pelo que foi reaberta. Este foi um trabalho da responsabilidade de uma vasta equipa, tanto multinacional como multiprofissional. Estima-se que a torre está a uma distância de quase 4 metros relativamente ao ponto onde se encontra quando comparado com o ponto onde se deveria encontrar, se estivesse completamente direita. Atualmente a Torre encontra-se inclinada para sudoeste. Os trabalhos de reabilitação da sua superfície são continuamente realizados pois os efeitos erosivos do clima assim como a "idade avançada" da torre não ajudam à sua manutenção.
O ambiente que se sente neste complexo é de diversão pois um pouco por todo o lado vemos as pessoas a simular movimentos relacionados com a inclinação da Torre e, claro, eu também não pude resistir a realizar alguns!
 
 
Agora duas curiosidades:
- um pouco por todo o mundo, nomeadamente na Alemanha, outras construções têm desafiado a celebridade da inclinação da Torre de Pisa;
- segundo uma lenda, foi nesta Torre que Galileu Galilei fez uma experiência sobre a lei da gravidade e demonstrou que a velocidade de descida de dois corpos diferentes é independente da sua massa.
 
Obrigado por me acompanharem nesta visita! Vamos continuar pela Toscana...

terça-feira, 12 de março de 2013

Padova (Pádua)

No regresso de Veneza, a caminho de Florença, fiz uma paragem ainda bem cedo em Padova (Pádua em Português). O tempo estava um pouco chuvoso pelo que acabei por não me alongar muito no percurso o que, de qualquer forma, acabou por ser mais que suficiente.
 
Pádua situa-se ainda na região de Véneto e é uma conhecida cidade de cariz estudantil, cuja universidade é uma dos mais antigas do mundo. Esta foi também a cidade onde o padre franciscano Santo António (o Santo Padroeiro da cidade de Lisboa) passou grande parte da sua vida e onde acabou por falecer.
 
A circulação no centro da cidade é condicionada pelo que estacionei mais uma vez na periferia (onde não faltam parquímetros) e circulei a pé.
Partindo da Universidade de Pádua, caminhei em direcção ao Palazzo della Ragione, "Palácio da Razão", antigo tribunal da cidade a actual Câmara Municipal. Em frente deste encontramos a praça do mercado da cidade.


Um pouco mais à frente damos de caras com o Duomo cujo interior simples alberga vários frescos da época medieval, que retratam episódios bíblicos com cenas da Criação, dos Milagres, da Crucificação e da Ressurreição de Cristo.


 

Continuando o circuito escolhido, entrei na Piazza dei Signori, um espaço ao ar livre, amplo e rodeado de cafés e lojas antigas.


Ainda nesta praça vemos o Palazzo del Capitanio em cuja face frontal encontramos um relógio astronómico muito antigo mas muito bem conservado.


Prosseguindo, passei ainda pelo Caffè Pedrocchi, um importante e famoso ponto de encontro dos estudantes e dos locais da cidade, sendo um dos cafés mais conhecidos de toda a Itália. A sua entrada imponente assemelha-se a um templo clássico e é efectivamente uma construção muito bonita. No seu interior encontramos ainda um museu onde estão guardados documentos sobre a história de Itália contemporânea.


Na minha opinião, desta cidade apenas ficou em falta a visita à Cappela degli Scrovegni, uma pequena construção cujo interior encontra-se repleto por coloridos frescos de Giotto, que representam várias cenas da vida de Cristo. A entrada é paga e atenção que é necessário reservar com alguma antecedência (por telefone ou no site www.cappeladegliscrovegni.it), pois dadas as suas dimensões, o número de visitantes em cada visita é muito reduzido. E foi esta a razão pela qual ficou em falta!  Uma curiosidade é que cada grupo de visitantes têm inicialmente de aguardar cerca de 15 minutos numa antecâmara de descontaminação, que serve para manter o melhor possível a conservação do seu interior.
 
Segui depois a caminho da província da Toscana :)

domingo, 10 de março de 2013

Escrever um blogue :)

Como sabem, este blogue nasceu da paixão comum, entre nós duas, por VIAJAR! A pedido de várias pessoas pareceu-nos adequado criar um blogue, como um espaço público, para dar a conhecer as nossas viagens. É desta forma que "As Papa Milhas" pretendem estar mais perto dos nossos viajantes e ajudá-los a conhecer melhor alguns dos nossos destinos e melhorar a sua experiência de viagem. 
Agradecemos a todos os que se dirigem até nós com dúvidas e questões pois é com imensa satisfação que aconselhamos e damos dicas! Acreditamos que é esta troca de ideias que nos ajuda a crescer e nos motiva a continuar a escrever para vós :)
E se é necessária sempre alguma inspiração também é necessária muita concentração, tempo e dedicação quando se escreve um post pois requer pesquisa, compilação e escolha de fotografias e organização de ideias. Isto para além de que manter um blogue "a funcionar"  também nem sempre é tarefa fácil de fazer e de conciliar com o nosso dia-a-dia.
Cada destino e cada viagem são únicos e especiais mas há sempre "tanto a dizer" que ficamos com receio que fique "tanto por dizer". Tentamos ser o mais fiéis à nossa experiência e a nossa maior preocupação é contar-vos, em cada post, uma história sobre o que fizémos, onde fomos, o que vimos e o que mais gostámos e vos aconselhamos a não perder.  Assim, não é tão importante para nós fazer publicidade ou promoção a alojamentos, companhias aéreas, agências de viagens etc, se bem que esta poderá ser, um dia mais tarde, uma consequência natural do nosso crescimento, que não podemos pôr de lado. E se esse "dia mais tarde" chegar só temos que agradecer a todos vós que nos acompanham nesta aventura de "criar" um blogue, no sentido duplo de o fazer nascer e de o fazer crescer!

Os próximos posts estão em construção por isso até breve :)


Boas Viagens!

quarta-feira, 6 de março de 2013

Veneza

Palavras para quê? Veneza é uma cidade realmente única e diferente de tudo o que vi até hoje, como se fosse uma realidade à parte, onde cada pormenor é incomparável! Fiquei completamente rendida aos seus encantos e não me importava nada de lá voltar as vezes que se proporcionarem.
 
Comecei a minha viagem por Veneza percorrendo a linha n.º1 dos Vaporetto, que me permitiu desfrutar de um passeio ao longo do Grande Canal. Numa primeira parte passamos pelos bairros de Cannaregio e Santa Croce onde vamos observando vários hotéis, igrejas e palácios. 

 



A zona de Rialto, no Bairro de San Polo, corresponde ao centro de Veneza e foi uma das primeiras zonas a ser habitada. É a zona mais comercial da cidade e onde encontramos o conhecido mercado de fruta e legumes, a Erberia, e o também famoso mercado de peixe, a Pescheria, atracção para muitos visitantes. A Ponte di Rialto é uma ponte de pedra que atravessa o Grande Canal nesta zona. A sua construção foi feita após a derrocada e vandalismo de outras pontes e acessos de madeira para travessia e terminou em 1591. Desde esta altura até cerca de 1854, esta ponte era a única forma de atravessar o Grande Canal e chegar à outra margem de Veneza. Aqui encontramos uma série de lojas e comerciantes de rua e foi aqui que não resisti em comprar uma máscara típica de Veneza para colocar na minha parede de viagens :)
 
 




Do cimo da Ponte de Rialto temos uma boa perspectiva da particularidade desta cidade e da sua "vida" bem peculiar, principalmente quando comparada com o que estamos habituados no nosso dia-a-dia. Aconselho a ficarem aqui um pouco apenas a observar um pouco do frenesim que acontece nesta zona.

 


Depois de Rialto há que percorrer a segunda metade do Grande Canal.
O Bairro de Dorsoduro é uma zona animada onde encontramos o Campo de Santa Marguerita, o maior espaço aberto da cidade de Veneza, onde durante o dia decorre o mercado e onde à noite os estudantes da Universidade de Veneza se juntam para conversar nos vários cafés. É também nesta zona que se encontra a Accademia, uma galeria onde encontramos várias obras de arte pertencentes a estilos como o Bizantino, o Barroco e o Renascimento.
Aqui, uma outra atracção é a Igreja Santa Maria della Salute, cuja construção e nome advêm de uma forma de agradecimento pela salvação de Veneza na época da peste negra. Mais de um milhão de pilares em madeira sustentam o peso desta imponente igreja de estilo barroco. Todos os anos, no mês de Novembro, vários cidadãos devotos peregrinam até esta igreja e acendem velas como forma de celebração.




Ao aproximarmo-nos do Bairro de São Marcos vão-nos sendo reveladas vistas deslumbrantes desta zona por isso estejam atentos! É difícil explicar  a sua grandiosidade mas acreditem que a expressão "coração da cidade" assenta-lhe muito bem! 
Para chegar a esta praça saímos na estação do Vaporetto "San Marco Vallaresso", situada logo após o Harry's Bar, um bar fundado em 1931 e conhecido pelos seus cocktail's que desde sempre atraiu gente famosa como Ernest Hemingway e hoje em dia é atracção para muitos turistas. Saíndo nesta estação encontramos um posto de turismo mesmo em frente e caminhando um pouco à direita entramos na Piazzetta onde vemos duas altas colunas, estando São Marcos tipificado numa estátua branca na coluna da esquerda e um leão alado (o leão é o animal símbolo do santo São Marcos) na coluna da direita. Neste corredor vislumbramos, de imediato, as mais belas construções arquitectónicas de Veneza e do mundo: à direita encontramos o Palácio Ducal (ou Palácio dos Doges) seguido da Basílica ou Duomo de Veneza e à esquerda La Zecca - a casa de cunhagem da cidade até cerca de 1870 - seguida da Libreria Sansoviniana - a biblioteca Nacional de São Marcos - e uma torre laranja denominada Campanile. Olhando ao fundo da Piazetta vemos a Torre dell'Orologio, construída no século XV, cujo relógio dourado e azul apresenta as fases da lua e os signos do zodíaco, feito a pensar nos navegadores. Segundo uma lenda foram retirados os olhos aos seus inventores, após a sua construção, de forma a cegá-los para que não pudessem fazer uma réplica! Por cima do relógio vemos o leão alado de São Marcos e no cimo da torre duas figuras conhecidas por "Mouros" que batem o sino para dar as horas.
  
 

 
Esta é a vista do Duomo sobre a Piazetta.













A majestosa Praça de São Marcos, um campo aberto outrora palco de inúmeras eventos como procissões, cortejos, reuniões e celebrações várias, foi apelidada como "a mais elegante sala de recepções na Europa", expressão atribuída a Napoleão Bonaparte. Hoje em dia é, sem dúvida, o ponto mais turístico de Veneza e encontra-se repleta de restaurantes e cafés com agradáveis esplanadas exteriores para além de diversas lojas de marcas de luxo, mundialmente famosas. Esta é a zona mais baixa da cidade pelo que é a primeira a inundar quando chove muito ou quando aumenta o caudal do Mar Adriático.


O Duomo de Veneza é a mais famosa Basílica da cidade e uma uma das mais bonitas de todo o Mundo. Combinando vários estilos arquitectónicos do mundo ocidental e oriental, a planta da Basílica apresenta a forma de uma cruz grega e a sua construção foi inspirada na Igreja dos Apóstolos de Constantinopla. Na antiguidade, era a Igreja privada dos Doges e todos os barcos que regressavam do estrangeiro tinham por obrigação que deixar uma oferenda para adornar a Basílica. A fachada dos portais da Basílica está adornada com fabulosos mosaicos de diferentes épocas e no alto da sua entrada encontramos os cavalos de São Marcos, réplicas dos originais em bronze que se encontram no seu interior. No topo da entrada está uma estátua de São Marcos rodeado de estátuas de anjos. O interior da Basílica, desde o pavimento às suas cúpulas e ao altar (onde se encontram os restos mortais de São Marcos), é de uma riqueza e beleza sem igual e, infelizmente, é proibido tirar fotografias! A visita é gratuita e permite o acesso também ao Museu no seu interior (apenas a visita ao Tesouro é paga). Cuidado com o vestuário, pois como em qualquer outro local sagrado não é permitido entrar apenas com roupa de mangas cavas, decotes e saias ou calções acima do joelho. Vale mesmo a pena fazer esta visita!




A primeira estrutura da torre Campanário - o Campanile - serviu de farol para os navegadores e, na Idade Média, de cela para criminosos que eram  presos e deixados à morte. Contudo em 14 de Julho de 1902 ruiu e, através de donativos, deu-se a sua reconstrução e foi novamente inaugurado em 1912. Com uma altura de quase 100 metros, termina numa forma piramidal onde no topo está a figura dourada do Ancanjo Gabriel. Pagando bilhete, é possível subir ao cimo da torre de elevador, de onde vislumbramos toda a cidade de Veneza, Lagoa e ilhas adjacentes. São vistas verdadeiramente deslumbrantes!

 
 
 


A fotografia de cima mostra a vista cimeira sobre o Palácio dos Doges e a fotografia abaixo o mesmo plano sobre o Duomo de Veneza.


Fundado no século IX, o Palácio Ducal ou Palácio dos Doges, de arquitectura de estilo gótico, foi residência oficial dos governantes de Veneza antiga, os Doges, e antiga sede do poder político. A visita é paga e, tal como no Duomo, também é proibido tirar fotografias no seu interior, à excepção do pátio central ao ar livre. É neste pátio que encontramos a Escadaria dos Gigantes, símbolo do poder de Veneza, no cimo da qual ocorria a coroação dos Doges e onde encontramos duas estátuas de cada lado, uma de Marte e outra de Neptuno. Ao longo dos seus três pisos, as suas salas e átrios estão ricamente decorados e mostram bem a grandiosidade da magistratura dos Doges.


 
A visita ao Palácio incluiu também passagem pela famosa Ponte dos Suspiros e visita às prisões. A Ponte dos Suspiros, na altura desta viagem em reabilitação, é na verdade uma passagem entre o Palácio Ducal e o edifício da prisão, o primeiro no mundo a ser construído para tal fim. Curiosamente, o nome da ponte advém dos suspiros dos prisioneiros que ao atravessarem esta ponte tinham uma última visão do mundo exterior. O amante Casanova esteva aqui preso!
 
 
É também na Praça de São Marcos que podemos visitar o Museu Correr, segundo os peritos o mais importante museu da cidade de Veneza, repleto de obras de arte de valor incalculável, do qual fazem parte pinturas, esculturas, armas, moedas, mapas e outros objetos dos Doges.
 


Fora do Grande Canal, Veneza é um misto de estreitos canais aquáticos e pequenas ruas que vale a pena percorrer. Foi pelo meio delas que encontrei o Hard Rock Café onde tive que entrar e comprar a t-shirt de recordação para a minha colecção!



 
Aproveitando os Vaporetto segui ainda uma linha que me permitiu passear pela Lagoa de Veneza, ir às ilhas de Lido e Murano e fazer o circuito pelo exterior da cidade de Veneza, novamente até à Piazzalle Roma, de onde voltei a apanhar o transporte para Mestre. 


 
Para os viajantes que já conhecem Veneza espero, neste resumo, ter conseguido fazer um retrato fiel e à altura desta cidade. Para aqueles que ainda não tiveram oportunidade de visitar Veneza espero que tenham ficado curiosos e com imensa vontade de lá ir!
 
Deixando Veneza para trás rumei à região da Toscana, mas não sem antes fazer uma curta paragem em Padova. Até ao próximo post :)